I
Viduedo é minha terra
Pequena quase sem ruas
Onde se encontram muitas casas
Quase todas estão vazias
II
Numa janela a um ser
Numa porta surge alguém
E foi nesta linda terra
Onde nasceu minha mãe
III
Viduedo é seu nome
Situada entre os montes
Gente de civilização
E muita rica com a fonte
IV
É uma terra pequenina
Do nordeste transmontano
Onde se acolhe o pobrezinho
Ao longo de todo o ano
V
Tem ao centro uma igreja
Viduedo que és um amor
A onde vão os cristãos
Pedir a Nosso Senhor
VI
Uma mãe pede para os filhos
Os avos param descendentes
Aqueles têm saúde
Pedem-na para os doentes
VII
Um pouco distante da igreja
Num ribeiro era a fonte
As moças iam a água
Os rapazes iam aos montes
VIII
Era o sítio mais preferido
Para aqueles que namoravam
Uns falavam com elas
Havia outros que espreitavam
VIX
Esta aldeia pequenina
Onde há pouco habitantes
Enche-se de gente no verão
Com a vinda dos emigrantes
X
Também é por esta terra
Que tem lugar a romaria
Em honra da Nossa Senhora de Fátima
Que enche o povo de alegria
XI
No Inverno a aldeia é triste
Mas também é muito sem barrulho
Nem depressa se faz noite
Mas tarda em se fazer de dia
XII
Ninguém consegue dormir
Mesmo a gente dorminhoca
Temos que nos levantar cedo
Para irmos a azeitona
XIII
Falam assim as mais novas
Esta gente não esta calada
Não se pode sair de casa
Há uma forte piada
XIV
Aqui em casa não se apanha
Falavam desta maneira
Lá fora a muita lenha
Fazemos uma fogueira
XV
As telhas do telhado
Deitam água sem chover
Eu com o medo do frio
Já estou mesmo a tremer
XVI
A caminho e sem demora
Pois já não é nada cedo
Temos que fazer ver os outros
Que são os de viduedo
XVII
É gente trabalhadora
Tudo o pode dizer
Trabalham de dia e noite
Quase até amanhecer
XVIII
Viduedo que és tão lindo
Tens que ser elogiado
Foi nesta linda terra
Onde Afonso Roque foi criado
XVIX
Não me posso esquecer
Da terra onde nasci
Havia tanta rapariga
A minha não a consegui
XX
Nem sei qual foi o motivo
Foi eu ser muito atrasado
Era assim a minha maneira
De ser de mais educado
XXI
Não digo que não me criam
Nunca isso direi
Posso dizer vem alto
Que nem a uma falei
XXII
Quem escreve isto tudo
Não é coisa muito fina
Foi Afonso Alberto Roque
Filho do Sr. Artur e Sr. Ernestina.