I
O antigo lavrador
Trabalhava até morrer
A chuva frio calor
Sem nenhum subsídio ter
II
Andando sempre apressado
Do trabalho era cativo
Pelas vacas ou pelo gado
Nunca viu um donativo
III
Logo ao romper do luzeiro
Não parava o redor
Do gado que do palheiro
Lhe dava sempre o melhor
IV
Com o gado satisfeito
Subia então a casinha
Onde a mulher lhe tinha feito
O almoço e a merendinha
V
Terminada a refeição
Logo suas vacas cingiam
E de aguilhada na mão
Ao campo se dirigia
VI
Cumprimento nos caminhos
Mesmo os inimigos seus
Com Deus nos de bons dias
Ou dizendo vai com Deus
VII
Ao passar por muita gente
Que ao longe não conhecia
Uma venia em sua frente
Fazia com seu chapéu
VIII
Lá no suco a sua espera
Um velho arado existia
Que no tempo de primavera
O maneava todo o dia
VIX
A passo de caranguejo
Para a junta não cansar
Dava passos de sobejo
Ao som do próprio cantar
X
Antes da casa voltar
Pouco ou nada descansava
A não ser para merendar
Do que na cesta levava
XI
E a noite na povoação
Todo o gado acomodava
Munido dum lampião
Que o azeite o gás queimou
XII
Trabalhava o ano inteiro
Sempre batalhando em suor
E nunca via dinheiro
Que pagasse seu louvor
XIII
Hoje ninguém acredita
Como antes se trabalhava
Trabalhava-se todo o ano
Muito pouco se ganhava
XIV
Alguma coisa se ganhava
Esta muito a compreender
Tenha que se dar aos pais
Se quisesse comer