I
O Afonso Alberto Roque
De nascer já não me lembro
Mas nasci em 1936
Dia 8 de Dezembro
II
Morei em viduedo 6 anos
Na minha terra Natal
Mas com 6 anos de idade
Tive que ir para Azinhoso
III
Regressei a minha terra
Com nove anos já feitos
Comecei ir a escola
Mesmo sem ter os direitos
IV
Só andei um ano a escola
Acreditem por favor
Tive que desistir
Para ir ser pastor
V
Essa vida conservei
Até aos 15 anos de idade
Foi trabalhar para Dr. Moreira
Com muita pouca vontade
VI
Ali andei 4 anos
Com a enxada na mão
Até que me veio ordem
Para ir a expeçam
VII
Onde fiquei apurado
Para serviço militar
Mas o Senhor Dr. Moreira
Da tropa me quis livrar
VIII
Essa vida não me agradou
A escola da noite comecei
Cria fazer exame da quarta
Para que fim era não sei
VIX
O Dr. Lopes Moreira
Homem muito português
Cria-me mandar para angola
Mas que viesse outra vez
X
Fez-me andar a escola
Aos 20 anos de idade
Para a ver se conseguia
O bilhete de entidade
XI
Eu era de viduedo
Ia a escola de Soutelo
Pois esse foi o momento
Que na vida teve mais belo
XII
Professora D. Cândida
Os alunos eram seis
Nos dois tínhamos nascido
Em mil novecentos e trinta seis
XIII
Começamos a escola
Toda coisa estava certa
Enquanto não veio a noite
Da redacção encoberta
XIV
O Afonso começou a redacção
Sem saber o que fazer
A professora viu o princípio
Não isso que eu quero ler
XV
Comecei a escrever
Aquilo que me lembrava
Mas nunca pensei
Que era do que ela gostava
XVI
Foi a ler as redacções
A minha foi a primeira
Começou a ler as outras
Só lá encontrava asneiras
XVII
Pois da minha logo disse
Aquilo que eu sonhava
Estou a ler a palavras
Que a tanto que as desejava
XVIII
Começamos a namorar
Sem ditados nem lições
Um escrevia mil beijos
E outro eram milhões
XVIX
Tudo isso terminou
Sem nenhum exame haver
Ela teve uma grande doença
Acabou por morrer
XX
Foi o seu destino
Na flor da sua idade
Infelizmente faleceu
Com vinte e dois anos de idade
XXI
Tudo tem que acontecer
Não era esse o meu destino
Arranjei uma em remondes
Deixei-a por causa de um primo
XXII
Namorei com uma viduedo
Na minha terra Natal
Por causa minha família
Tudo isso correu mal
XXIII
Não nomeei mais nenhuma
Porque teve muito ensaio
Meu destino assim o quis
Vim casar a Sampaio
XXIV
Vim casar a Sampaio
Foi o meu pai que escolheu
Foi num domingo de páscoa
Que isto aconteceu
XXV
Passaram a minha porta
Na linda terra de viduedo
O meu pai para o dela
Logo apontou o dedo
XXVI
A minha escolha esta feita
Sabes bem a que eu cria
Se casar com aquela rapariga
Muito feliz eu seria
XXVII
Para fazer a vontade
Eu não pode ficar calado
Logo mesmo nesse dia
O casamento foi falado
XXVIII
Oito meses se passaram
Desde que isto se falou
No dia dez de Novembro
O casamento se realizou
XXVIX
O casamento foi feito
Nunca aqui nada se aumentou
No dia dez de Novembro
Mil novecentos e sessenta
XXX
Isto foi um engano
Até podiam ser dois
Não foi em mil novecentos e sessenta
Foi em mil novecentos e sessenta e dois